
Em 30 de abril de 1912 nascia o
América Futebol Clube, são 95 anos de muitas histórias e títulos importantes; a maior gloria foi o reinado com o Deca-campeonato mineiro, de 1916 a 1925.
O TEMPO PASSA
Era sábado, dia 10 de março de 2007,
um dos dias mais triste que vivi.
Eu estava até animado com a recuperação do América,
achando que no final do campeonato mineiro ia tudo dar certo;
afinal eu tinha assistido o primeiro tempo do jogo
contra o
Cruzeiro pela TV, e quando eu saí para fotografar
o América estava ganhando de 1x0.
Voltei para casa e liguei a TV, eram 40 minutos do segundo tempo,
o placar tinha virado contra para 2x1, que tristeza.
Mas olha que aos 46`o jogador do América passa entre os beques do Cruzeiro e quando vai marcar, o cara azul passa o pé por trás.
Expulsão naquele momento é nada para mim.
Aqui abro um parente neste artigo, para pedir a
FIFA a revisão das regras. Se futebol tem que privilegiar o gol, num lance deste, o último homem da defesa faz uma falta desclassificante, onde o atacante vai fazer o gol:
além da expulsão é claro, a falta é tiro direto e sem barreira.
Do jeito que está privilegia o infrator.
Mas vamos em frente ao meu desabafo de tristeza.
Eu estava convicto que o América ia vencer o Tupi (de Juiz de Fora) naquele sábado no estádio do Independência; e daí pra frente só vitórias rumo a 2a. divisão do brasileiro.
No meio da tarde daquele sábado, Serginho, um amigo meu, liga pedindo para eu fosse fotografar o casamento de um amigo dele, ás 17 horas.
Caramba, o jogo do Coelhão era às 18h10, então fudeu!
Esperneei, tentei sair fora mas nada, tive que baixar na igreja;
coisa que não faço nunca, foto de casamento.
Cliquei rápido as damas, o noivo e a noiva, e saí fora.
Cheguei no estádio no intervalo do primeiro para o segundo tempo,
como o meu carro não tem rádio, não sabia de nada que estava acontecendo.
Mal passei as roletas, achei a caras dos torcedores meio estranhas, tudo travado,
e, logo logo, um parente me chamou,
Cristiano, pelo amor de Deus, não fotografa nada hoje, que desgraça é esta.
Espantado perguntei, o que que foi bicho?
Nossa nem mesmo um chute o time deu no gol, dois a zero foi pouco para eles, e não acho que tem como virar.
Saí correndo até a entrada do alambrado e olhei o placar:
América 0 x 2 Tupi.
Ali mesmo eu fiquei parado, imóvel, olhando os rostos dos
Americanos; que tristeza.
Bem, estou chegando agora, não tinha assistido nada,
os times voltaram, e eu tinha certeza que ia acontecer a virada.
Bicho, mas o que eu assisti é até difícil de descrever.
Pela importância do jogo e do resultado para o futuro e para a história do América achei que ia ser uma blitz em cima do adversário.
Mas nada disso aconteceu, era bola rodando lá trás, nenhum cara com criatividade, força, nenhum esquema para furar o bloqueio.
Aí comecei a ver outra coisa,
o uniforme é triste, pesado e não tem nada a ver com o glorioso Deca-campeão.
Um time que fez com o
Galo o “clássico das multidões”,
um time que o Cruzeiro demorou 60 anos para ultrapassar e ocupar nosso espaço.
Olha eu vi ali o América acabando.
O uniforme é triste como o time,
um tom de verde horroroso,
que nenhuma palheta de um pintor tem aquele tom,
e pior, o preto,
pesado, fardado e que não é das nossas cores; verde limão e preto?
Quequeisso! Que uniforme é aquele.
Aliás me lembro menino, que quando entrava preto no uniforme do glorioso, entrava no calção, e com as meias cinzas, mas a camisa branca com gola verde, aí sim era linda.
Puxa meus olhos brilhavam quando entrava no mesmo Independência e vencia o Galo e a Raposa.
Saí naquele sábado, dia 10 de março de 2007, do Independência com o coração estraçalhado, descida a rua bem devagar, curtindo cada passo, talvez tão cedo não farei mais este trajeto.
Sobra um sonho, para um outro tempo,
quem sabe um dia entre ali um cara feliz para dirigir o
América meu Mineiro, e traga a alegria de volta,
em tons de verde e branco,
o genuíno.